
É interessante celebrar os Sabbats em meio a uma cultura que cultiva celebrações sem exatamente entender o que estão celebrando. Enquanto nos preparávamos para Beltane, a gigantesca maioria dos locais e pessoas a nossa volta se preparavam para o Halloween.
No nosso caso, Beltane é uma invocação da abundância da vida.

" Um momento único no ano de celebrar a fertilidade, a sexualidade e todos os vislumbres dos prazeres. "
Na preparação do nosso ritual, escolhemos realizá-lo em um estúdio de hot yoga no meio de São Paulo. Essa escolha se deu justamente pela possibilidade de termos o elemento fogo dentro de uma sala maravilhosa que criasse uma atmosfera quente, para suar.
Decoramos o espaço com inúmeras flores de coloração forte, rosas, gérberas, colocamos um mastro de bambu no centro do estúdio e o envolvemos com fitas de múltiplas cores, além de uma iluminação maravilhosa com velas e cores vermelhas.

Tudo para ancorar essa energia de Beltane, a união entre masculino e feminino, o Deus Sol e a Deusa. O falo e o útero, a linha e o círculo.
Convidamos todos a levarem suas simbologias para nosso altar e assim demos início ao nosso ritual. Por se tratar de um ritual de sexualidade, o primeiro e mais importante convite para todos foi de se sentirem seguros.

Seguros em comunicar seus limites e suas vontades. Seguros em se expressarem cada um da sua forma mais autêntica.
Demos início a um momento mágico de muita conexão entre todos os participantes. Nosso segundo pilar foi o da escuta.
Escuta do que o corpo estava pedindo, escuta de quais emoções estavam surgindo, escuta individual e coletiva. Convidamos todos para verdadeiramente se sentirem. Desatarem as amarras e as armaduras e substituírem por presença e abertura.
" Começamos a fazer movimentos animais, gritos, gemidos, uivadas. Movimentos de pé, no chão, junto com as paredes. "
Abrimos as portas do ritual invocando as quatro direções, os quatro elementos, a energia feminina da Deusa e a masculina do Deus Sol.
Cada pessoa pode declarar suas intenções mais singelas e disso fizemos uma oração coletiva de todos aqueles objetivos que estávamos direcionando para aquele ritual.
Tivemos momentos de circulação energética, dança intuitiva, brincadeiras, risadas, sensualidade, múltiplos aspectos e formas de sentir prazer.
Uma grande navegação pelo templo do corpo, desde o toque com a pele, as diferentes texturas, os gostos, sabores, cheiros, uma inundação de sensações.
Até chegarmos no momento das comidas e bebidas.
Quando nossa sala já estava pegando fogo e todos deliciosamente se relacionando consigo mesmo, levamos para o centro do ritual diversas bandejas repletas de frutas frescas, melancia, morango, ameixa, melão, uva, chocolate, chá gelado de hibisco, em um banquete incrível de sabores.
Convidamos todos para que déssemos a primeira mordida todos juntos e assim abrimos esse campo de comer com calma, presença e atenção minuciosa aos detalhes.
Encerramos o ritual com mais uma rodada de olhares, encontros, abraços e conexões profundas.
Foi um momento único de ressignificação dos prazeres, do contato e da relação com o corpo, com a vida, com as pessoas.
Tem sido realmente muito mágico materializar esses rituais dessa forma. Os relatos de cada participante são muito tocantes e vejo na minha própria vida os inúmeros portais que estão se abrindo com essas propostas.
Convido a todos a participarem e sentirem essa magia se desdobrar na vida de vocês também.

Seguimos juntos até o próximo Sabbat de Litha, no Solstício de Verão em Dezembro.
Salve a Grande Mãe.
Jay Ma
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